terça-feira, 13 de março de 2018

Sempre com alegria


Irmã Ananda. Ananda quer dizer alegria. Irmã Alegria.

Desde sua mais tenra infância, acostumara-se a mergulhar nas águas do rio Ganges, para resgatar vestidos, joias, o que pudesse ser transformado em dinheiro.

Dessa forma, ela se constituía no sustento de toda a família. Sua agilidade e habilidade em nadar, até os lugares mais fundos eram elogiáveis.

No entanto, quando manchas estranhas começaram a aparecer em sua pele escura, quando a palavra terrível foi pronunciada, ela foi jogada na rua, pela família mesma por quem tanto trabalhara.

Não poderiam, de forma alguma, permanecer com uma leprosa no lar. E a menina, impedida de se misturar aos demais, impedida de retirar do rio sagrado o seu sustento, sentiu a fome abraçá-la.

Sozinha, enferma, esfomeada, foi acolhida pelas Irmãs de Caridade que, não somente lhe providenciaram o teto, a vestimenta, o alimento, como lhe deram o melhor presente.

Submeteram-na a tal tratamento que ela foi declarada curada da hanseníase.

Agora, passados os anos, cumprido seu noviciado, ela recebeu das mãos de Madre Teresa de Calcutá, o sari branco, com lista azul. Dali em diante, essa seria sua única vestimenta.

Vestimenta que a identificaria como uma das Missionárias da Caridade em qualquer dos mais de cento e trinta países em que ela fosse designada a servir.

Ela foi enviada a Nova Iorque, com mais três companheiras. Sua bagagem chamou a atenção: eram baldes, caixas de papelão amarradas, colchões de palha enrolados em pedaços de pano presos por cordas.

Tudo endereçado para Madre Teresa de Calcutá – Nova Iorque. Estados Unidos.

A maior recomendação de Madre Teresa era de que servissem sempre com alegria.

Era um dia frio e a menina indiana, transformada em missionária, se encantou com os flocos de neve que caíam. Jamais vira tal espetáculo.

Então, seu coração exultou na recitação dos versos do profeta Daniel: Orvalhos e geadas, gelos e neves, bendizei ao Senhor por todos os séculos.

Quando chegou ao local em que trabalharia, dirigiu-se ao subsolo. Era ali que ficavam as suas acomodações.

Embora Madre Teresa houvesse especificado que não deveria haver conforto algum, quem viera reformar o prédio tudo ignorara.

E lá estavam quatro chuveiros à disposição. Ananda ficou olhando-os, admirada. Desde sempre, ela tinha algo muito especial com a água.

Na Índia, carregava os baldes da fonte para casa. Emocionada, Ananda estendeu uma mão trêmula e abriu a torneira.

Um verdadeiro dilúvio caiu imediatamente do teto. Hipnotizada, ela olhou a água correr. Aquilo parecia um milagre.

Com os braços abertos, a cabeça caída para trás, ela se jogou toda vestida debaixo do chuveiro.

Teve vontade de cantar. E cantou os versos do profeta: Chuvas e orvalhos, exaltai o Senhor. E vós, astros do céu, bendizei-O por todos os séculos.

Sua voz atraiu as demais companheiras que vieram correndo. Ao verem Ananda se divertir como uma criança, explodiram todas numa sonora gargalhada.

Felicidade. Sim, Madre Teresa de Calcutá poderia ficar tranquila.

Era com alegria no coração que suas irmãs começavam sua tarefa em Nova Iorque.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 52, do livro Muito além do amor, de Dominique Lapierre, ed. Salamandra.
Em 12.3.2018.
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